terça-feira, 1 de janeiro de 2013

Voluntariado aos olhos de cada um!


Voluntariado Lisboa, 17 a 21 Dezembro de 2012
‘’Amor, justiça e sabedoria’’

Cego ao olhar fixamente para a lareira. Gosto de ver as chamas precipitarem-se para a chaminé, deve ser das poucas coisas de que gosto no inverno. O lume aquece-nos fisicamente e sendo que um corpo frio não augura nada de bom é importante. Mas de que serve um corpo quente (vivo) se for habitado por uma alma gelada?
Aquilo que procuro sempre é algo que me aqueça a alma. É isso que encontro ao fazer voluntariado, uma fonte de calor interior. Além disso, com companhia tudo sabe melhor, voluntariado e amigos, que mais? Na primeira semana das minhas férias de Natal fiz voluntariado juntamente com o Miguel Pires, a Ana Caetano e, nos últimos dias, a Ana Margarida, como JAGAS, na capital.
Fazíamos da seguinte forma: depois de uma noite muito bem dormida e tomado o pequeno-almoço, nada melhor que uma caminhada de 25 minutinhos para acabar de acordar. Dois de cada vez dirigíamo-nos ao Ice Park Extreme (parque de gelo) localizado no Parque Eduardo VII, onde alugávamos focas. Focas cor-de-laranja. (Já muita gente se riu à conta disto.)
As focas eram um apoio de plástico e serviam de auxílio a quem não se desenvencilhava tão bem a andar de patins na pista de gelo, úteis principalmente a crianças. Portanto, estávamos responsáveis pelo seu aluguer cujo rendimento revertia para o Centro Social da Musgueira.
Tornou-se uma tarefa extremamente divertida pela interacção com o público e porque nós próprios tínhamos oportunidade de andar de patins sempre que quiséssemos, sendo que, no final da semana estávamos dignos de ser chamados atletas.
Numa componente mais séria da semana, também duas pessoas por noite, fomos voluntárias durante três serões na associação VITAE que se trata essencialmente de um albergue de pessoas sem-abrigo. Cerca de 250 pessoas de múltiplas nacionalidades que por um ou outro motivo não têm onde ficar podem tomar banho, jantar e dormir nas instalações desta instituição.
Aqui as nossas tarefas foram registar as entradas dos residentes e ajudar na distribuição do jantar. Dificilmente nos confrontamos com realidades semelhantes às daquelas pessoas em Proença-a-Nova, felizmente. Mas tomar consciência de que elas existem faz-nos bem… No primeiro dia em que visitei a VITAE li numa estação de metro: ‘’Lembremos também quem esquece onde vai dar o caminho’’.
Todos perdemos o norte num ou noutro momento, às vezes as situações podem agravar-se, em três dias não pudemos acompanhar nem motivar verdadeiramente alguém mas assistimos a duas situações de saída, de pessoas que passaram por ali e conseguiram recuperar a sua independência, só por isso valeu a pena.
Como nada cai do céu tudo isto foi assegurado pela nossa Cátia que além de nos sugerir o projecto partilhou a casa connosco e pelo Pe. Virgílio que se encarregou do transporte. Graças a esta infernal invernia tenho os pés gelados mas estou tão quentinha… Estamos todos! JAGAS on the way. 
Beatriz Duarte

                Porque numa época como a que vivemos, nada sabe melhor do que dar um pouco de nós a quem nada tem. E mesmo com essa satisfação no final ainda recebemos um enorme sorriso e um obrigado vindo de corações que muitas das vezes andam perdidos. Foi uma experiência espetacular, e não a trocava por nenhum dia de diversão. A gora é a minha vez de deixar um enorme obrigada a quem me proporcionou tal aprendizagem! 
Ana Bernardo

No passado dia 17 parti rumo a Lisboa para uma semana de voluntariado, à qual não sabia o que me esperava. Como voluntária inexperiente, fui com expectativas moderadas e alguma ansiedade… Durante a semana pude ver e entrar numa realidade diferente daquela a que estava habituada, pude dar um pouco mais de mim e fazer coisas que foram novidade.
A experiência mais marcante foi no albergue de moradores de rua. É nestas alturas que temos oportunidade de nos pôr na pele dos outros e perceber o quanto é difícil viver com as condições de vida que têm. Apercebemo-nos de uma realidade “deprimente” e injusta...pessoas que têm de viver com outros que não conhecem, que não têm privacidade e o espaço é limitado. Fez-me pensar que às vezes não damos o devido valor ao que temos, que nos queixamos demasiado e muitas vezes vivemos do materialismo.
Durante esta atividade de voluntariado deu também para me aperceber da diferença social que existe nas “grandes cidades”. Digo isto porque tivemos oportunidade de ir a uma pista de gelo, sendo o voluntariado completamente diferente, onde lidámos com pessoas com classes sociais bastante diferentes daquelas que vimos no albergue.
Depois de uma semana destas, com tão boas experiências e uma equipa de voluntários admirável, até dá gosto de continuar a participar nestas atividades. A todos um muito obrigado!
Ana Caetano

Na verdade existe muito mais pobreza do que nós aqui nas terrinhas estamos habituados a ver e a semana de voluntariado fez-me abrir mais os olhos nesse sentido.
É certo que todos já vimos um sem-abrigo a dormir sob o frio das noites gélidas de inverno, conseguindo obter algum calor de meros cartões ou mesmo jornais e uns cobertores meio rotos. A ação de voluntariado na VITAE mostrou nos o lado de quem se preocupa com estas pessoas, muitas delas são de outras nacionalidades que talvez viessem em busca de uma nova oportunidade, de uma nova vida, e talvez a vida que levassem até então seria melhor que a atual, mas aqueles 270 sem-abrigo que passam pela secretaria a dar o seu numero para poderem assim tomar um banho de agua quente, tomar uma refeição e ter um teto para dormir. Existia um controlo das pessoas e quando havia camas disponíveis eram cedidas a outros tantos que procuram um lugar como o centro da VITAE. Não julguem que um sem-abrigo é velho, com muita barba e mal-encarado, na verdade muitos deles eram mais novos que eu e outros que lá estavam agora à procura de uma cama já tinham estado no meu lugar e feito ali voluntariado. E foi nesse momento que me apercebi na roleta que é a nossa vida.
O primeiro dia digamos que foi estranho, porque sentia “medo” deles, não os conseguia olhar nos olhos, era algo que me fazia impressão… Mas depois, estas pessoas, mostraram-se bem diferentes de como eu as imaginava, eram pessoas como nós, que já tiveram um sítio a que podiam chamar de casa. Quase todos eles tinham boas maneiras e uma boa educação, mas que por motivos adversos estavam assim. É verdade que nem tudo era um mar de rosas, pois muitos deles chegavam lá e reclamavam com isto e com aquilo e mesmo com os voluntários, como se o tivessem a tratar mal ainda, mas os voluntários já estavam habituados a tal, “são pobres e mal-agradecidos” diziam com muita ironia. E mesmo eles próprios e com algum sentido de humor e de ironia se autodenominavam de piratas.
Como oposto a esta situação, durante o dia estávamos pelo Parque Eduardo 7º, numa pista de gelo, evento organizado pela PT comunicações (MEO Kids), onde fizemos voluntariado no Centro Social da Musgueira, alugávamos focas, serviam para aqueles que não se sentiam à vontade com os patins e com o próprio gelo tivessem uma ajuda. Mas muito das focas alugadas eram mesmo para as crianças, que gentilmente as empurrávamos pela pista e o resultado era encantador, sorrisos e mais sorrisos. O valor do aluguer revertia para a instituição. Foram dias bem passados com muita diversão à mistura e aulas de patinagem no gelo.
Eram duas realidades bem diferentes com contactos de classes sociais opostas, mas o nosso motivo era ajudar e era isso que nos movia naquela semana. Medos superados e com a vontade de no próximo ano voltar, ajudando ainda mais, porque ajudar não custa e há sempre alguém que fica com um sorriso.
Miguel Pires


Voluntariado Proença-a-Nova, 18 a 20 Dezembro de 2012
"Humildade, Força e Aprendizagem"

Como essência de pertencer ao JAGAS o outro é importante “Amar o próximo como a si mesmo”. Sendo assim, entre os dias 18 e 20 de dezembro, a Santa Casa da Misericórdia de Proença-a-Nova abriu as portas aos jovens voluntários que estivessem dispostos a ajudar.
No primeiro dia, o céu estava cinzento mas ao longo do dia o sol foi rasgando o céu. O mesmo aconteceu connosco, começámos o dia com sono mas à medida que íamos completando as tarefas que nos eram dadas a alegria ia crescendo. Ao chegarmos a casa à noite contámos com entusiasmo o que passámos.
Foi bastante recompensador ver o sorriso e a felicidade na cara dos idosos que ajudámos, para os quais cantámos, os quais transportámos, conversámos e alimentámos. Fizemos amizades com alguns dos utentes e eles adoraram ver jovens com eles.
Houve tanto gozo ser voluntário que no segundo dia não fomos dormir a casa, fomos acantonar ao seminário para estarmos a horas no lar. De manhã, animámos a missa de natal e recebemos bastantes elogios. De seguida, demos o almoço para os idosos terem força para representar na festa de natal.
Os utentes prepararam uma festa de natal com a participação de vários voluntários, de crianças, de funcionários e de vários idosos entre os quais se encontrava um “ator” com 91 anos. No final, receberam a visita do Pai Natal.
Estes três dias terminaram com um jantar de Natal onde apreciámos canja, bacalhau com todos, salada de fruta, filhós e bolo-rei. Os utentes receberam o Pai Natal que lhes deu um lenço de mão.
Pedro Alves

Estamos a falar de uma experiência que nos abriu os olhos para uma realidade completamente diferente da qual nós conhecemos, em relação ao “ser idoso”. Quando atingimos este patamar na vida, adquirimos muita experiência e história sobre esta, mas infelizmente também surgem algumas dificuldades, como andar, fazer a nossa própria higiene, comer etc.
Com esta ação de voluntariado foi possível dar uma pequena ajuda tanto aos idosos, como aos funcionários. O facto de falar com os idosos, ou por vezes apenas perguntar os seus nomes, trazia um sorriso a muitos deles, o que nos fazia nem que só por uma vez isso acontece-se, realizar-nos para o resto do dia. Não é fácil ser idosos, muitas pessoas comparam os idosos com as crianças, e sim, eles têm aldo muito de parecido, mas nem sempre é assim, muitos tem noção do que são, do que têm e do quão solitários se sentem, e nós com esta ação de voluntariado, conseguimos animá-los um pouco, cantando na hora da missa, levando-os a cortar o cabelo, falando-lhes da sua terra, ou simplesmente transportando-os para a hora de almoço, pois com estes gestos simples, trouxemos-lhes mais um sorriso aos lábios. Convidaram-nos para ajudar na festa de Natal e foi muito bom ter a oportunidade de participar, visto que, foi um momento único e de orgulho também, pois ver tanta gente a participar e a ajudar para que tudo corresse bem, foi muito gratificante!
E em meu nome e do resto do grupo, digo que esta foi um tremenda experiência de vida, que nós tivemos muito prazer de adquirir, de tal forma que, ao final de três dias, sentíamos como se fizéssemos voluntariado á anos naquela casa.
Deus queira que tenhamos a oportunidade de voltar trabalhar como voluntários, pois fez de nós mais humanos e humildes para com os outros, pois por muito que custe, devemos trabalhar sempre para obter um sorriso, e graças a Deus, foi o que aconteceu!
 Rodrigo Ventura




Sem comentários:

Enviar um comentário